Wednesday, October 06, 2004

Versos vivos

Solto meus versos em pranto
Como se, aos pés d´um santo,
fervoroso estivesse a rezar.

Não conto letras nem palavras.
Não vasculho entre pálpebras
promessas de doce calar.

Sou assim mesmo, como lês
esses versos de insensatez,
tentando o impossível explicar.

Só não tenha a menor dúvida,
de que outra pessoa mais lúcida
possa esses versos desenhar.

Mesmo que ainda não acredites
Que seja eu quem rabisque
poesia tão morta, rudimentar;

Mesmo que torças o nariz
Como se lesse um aprendiz
Que mal sabe pensar

Continuo a borrar essas letras
que se desgarram com pressa
de minhas entranhas para o ar.

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